Primeiras Impressões

Sauber no Bahrain 2025

Colaboração: Flavio M Peres

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Ainda é cedo, claro, para qualquer avaliação real e mais aprofundada, mas a espera e a saudade desta vez pareceram maiores, então, o calor da emoção rege essas primeiras linhas sobre os desempenhos no teste de pré-temporada de 2025. E, hoje, no Bahrein foi bem movimentado e surpreendente: choveu no deserto, teve “apagão de eletricidade” com interrupção do treino, bem como gente já mostrando serviço. Claro, como sempre, nesse tipo de teste, as equipes estão com configurações diferentes e é difícil fazer a logística reversa apenas na sensibilidade e conhecimentos passados.

Gabriel Bortoleto e a Sauber quase nos matam de ansiedade e preocupação, com suas muitas “voltas de instalação” e a demora para encadear algumas voltas efetivamente. O temor de que houvesse acontecido algo justamente com seu carro e de que ele perderia um dia importante para seu desenvolvimento e adaptação a um carro de corrida, era algo que presente no ar. E estávamos vendo o Hadjar mostrando algumas qualidades, mas apanhando um pouco de sua Racing Bulls: tudo normal, tipicamente um piloto se adaptando à categoria. Bortoleto deu as primeiras voltas e elas não eram exatamente fluidas: o carro parecia um pouco rebelde para obedecer e era claro estar faltando quilometragem ao brasileiro à frente de um F1. Agora, surpreendente, que no final, ainda que fosse possível perceber o quanto o carro é difícil, a fluidez na pilotagem já estava se fazendo presente, a confiança dele no carro havia aumentado e ele – mesmo que em um programa diferente – colocou uma vantagem considerável em seu companheiro de equipe, Hulkenberg, fazendo o 12º tempo. Nem tanto pela posição final, mas é espantoso como Gabriel consegue se adaptar e se desenvolver rapidamente. Tal capacidade de adaptação parece especialmente importante, não só para seu ano de estreia, mas também para 2026, quando os carros serão novos para todos: e ele vem se adaptando ano a ano, sucessivamente, na F3, na F2, no F1 deste ano, sempre sem repetir as características de seus carros do ano anterior. Hulkenberg está encrencado…

GREEN LIGHT 🟢

We’re back on track in Bahrain after a brief power outage 🇧🇭 #F1Testing pic.twitter.com/kXK4EjOBqH

— Stake F1 Team KICK Sauber (@stakef1team_ks) February 26, 2025

Eu tomei um susto com o carro da Red Bull de Max Verstappen: há muito tempo não via um carro andar nos trilhos, dócil e obediente igual o dele hoje. Pensei que esconderiam, que diriam que o carro simplesmente estava leve, mas, não, em matéria aqui no Autoracing, vi que ele declarou estar surpreendido positivamente: foi extremamente sincero. Só faltou um agradecimento ao Checo por ter passado tanto tempo testando peças e configurações, em treinos oficiais e corridas ano passado… O holandês está na disputa do título, mais do que nunca.

As novidades da McLaren, ditas arrojadas, também funcionaram de cara, o que é uma notícia interessante. Se inicialmente copiaram alguns conceitos da Red Bull, hoje em dia já fazem evoluções próprias e não têm medo de continuarem crescendo e avançando. Norris e Piastri cumpriram programas diferenciados, por todo o evidente, mas chama a atenção o apetite do inglês, que, aliás, fez o tempo mais rápido do dia.

A Mercedes voltou! Já havia mencionado no artigo anterior, que são historicamente competentes e que voltariam a organizar a casa e disputar o título. Agora, vocês viram o tamanho do sorriso do Russell? Ele simplesmente não conseguia esconder e parar de sorrir. Justamente no ano que passou a ser o líder da equipe, se é que podemos chamá-lo de “primeiro piloto”, os alemães acertaram a mão no carro.

A Haas me surpreendeu e me pareceu ter um carro equilibrado. Sim, seus dois carros terminaram em último. Mas fizeram toda a extensão do treino com tanques cheios. Curioso, não? Será que tem algo a ver com a Ferrari? Na perspectiva de
torcedor, sempre fica uma pulguinha atrás da orelha, perguntando se Haas e Racing Bulls oferecerão “apoio de dados” para as “matrizes”.

Juram que não, e, aliás, dizem – com todo o direito de autodeterminação – que são equipes autônomas. Mas a Ferrari vem muito bem e forte, obrigado. Hamilton, com calma, vai se adaptando ao equipamento – o que, talvez, demande um pouco mais de tempo, porque não gosta de simuladores. Mas é um gênio e vai fazer muito com esse carro. E vai mesmo encontrar uma pedreira no excelente e motivado Leclerc.

Esperava mais da Aston Martin, logo de cara, confesso. Sim, eu sei, é cedo para eles, a equipe deve passar a se destacar a partir de Barcelona, quando as regras de flexibilidade das asas serão mais severas. Mas pela reunião de talentos que promoveram, e por Alonso ter dito que encontraram onde estavam errando e mudaram mais de 90% da aerodinâmica do carro, meu peito se encheu de esperança de ver uma reviravolta daquelas. Até porque a categoria seguiu a linha conceitual do RB20, e, Adrian Newey, o criador do conceito, está com eles, ainda que de maneira recente. O carro ainda está arisco e me parece “pouco no chão”. Ao mesmo tempo parece rápido e ser o único que se comporta um pouco diferente dos outros. Porém, tem sua lógica: se mudaram mais de 90% da aerodinâmica, então, são justamente eles quem mais têm de testar e desenvolver, para entender um carro efetivamente novo – e não um passo seguinte de uma base anterior acertada e bem desenvolvida. Se o RB21 anda nos trilhos, a Aston Martin deverá andar também depois de Barcelona.

Flavio M Peres
Poços de Caldas – MG

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