McLaren pede Direito de Revisão da punição de Lando Norris no GP dos EUA

Lando Norris x Max Verstappen

A McLaren apelou para o Direito de Revisão para tentar anular a punição que Lando Norris recebeu por ultrapassar o rival Max Verstappen durante o GP dos EUA.

Norris recebeu uma punição de cinco segundos por “sair da pista e ganhar uma vantagem duradoura” após ser forçado a usar a área de escape para passar Verstappen pelo P3 nas voltas finais da corrida de domingo em Austin.

A punição rebaixou Norris, que terminou 4,1s à frente de Verstappen na pista, de volta para o P4, e resultou no aumento da liderança do campeonato de pilotos para 57 pontos com cinco GPs restantes nesta temporada.

A decisão provou ser altamente controversa, com a McLaren argumentando que Norris não teve outra opção a não ser sair da pista, já que Verstappen colocou por dentro também saiu da pista na curva 12.

O diretor da equipe McLaren, Andrea Stella, disse imediatamente após a corrida em Austin que a equipe não apelaria da decisão devido ao fato de que ele achava que eles seriam incapazes de satisfazer a exigência de fornecer novas evidências “significativas e relevantes” que não estavam disponíveis no momento da decisão.

No entanto, com sua janela de 96 horas após o evento prestes a expirar, a McLaren surpreendeu o paddock na noite de quinta-feira no GP do México deste fim de semana ao enviar uma petição para o direito de revisão da punição.

Os comissários confirmaram que a primeira parte da audiência ocorrerá às 14h30, horário local (11h30 em Brasília) na sexta-feira, na qual a McLaren tentará convencer os comissários de que descobriram novas evidências.

Se a McLaren for bem-sucedida, uma segunda parte da audiência ocorrerá em um horário a ser informado.

Representantes da equipe Red Bull de Verstappen também estarão presentes na primeira parte da audiência.

O debate em torno do incidente continuou no dia da mídia de quinta-feira na Cidade do México, com Norris alegando que as táticas de Verstappen são “incorretas” e o holandês insistindo que ele “apenas segue as regras”.

Norris já havia ultrapassado Verstappen

Como Norris disse à mídia no Autódromo Hermanos Rodriguez ontem, a objeção da McLaren à punição se concentra no movimento de investida de Verstappen na parte interna da curva depois que Norris já estava na frente dele. Verstappen saiu da pista, levando Norris com ele. Crucialmente, o movimento de tirar o pé do freio de Verstappen significou que ele alcançou o ápice da curva antes de Norris, portanto, ganhando o “direito” à curva aos olhos dos comissários, independentemente do fato de que ele então saiu da pista levando Norris junto.

Quando Verstappen fez quase o mesmo com Hamilton na Curva do Lago de Interlagos em 2021, a Mercedes solicitou uma audiência de Direito de Revisão. O caso deles se baseou em um novo vídeo do incidente que apareceu depois que os comissários tomaram sua decisão, especificamente a câmera frontal do carro de Verstappen.

Esta filmagem mostrou mais claramente o quão atrás Verstappen estava antes de mergulhar na curva e sair fora da pista, forçando Hamilton a sair junto com ele. Os comissários não se comoveram, no entanto, insistindo que isso não acrescentava nada de novo à sua avaliação da manobra de Verstappen.

No caso da semana passada, um novo vídeo surgiu novamente, publicado pela Formula One Management ontem, incluindo imagens da câmera de 360 ​​graus no nariz do Red Bull de Verstappen. Mas há pouca razão para imaginar que os comissários considerariam isso de forma diferente do que fizeram três anos atrás.

Quando as equipes persuadiram com sucesso os comissários a revisar seu caso, mesmo que não tenham vencido posteriormente (como aconteceu com a Alfa Romeo em 2021), a nova evidência em questão geralmente não envolveu filmagens, mas documentos relacionados às regras ou discussões sobre sua interpretação. Aqui, podemos apenas especular o que a McLaren poderia pretender apresentar.

Talvez os pilotos foram informados em alguma ocasião passada, como em uma reunião com o diretor da corrida, que esse tipo de movimento defensivo não seria permitido após o episódio de Interlagos 2021. Como a McLaren destacou na semana passada, os comissários tomaram suas decisões às pressas e podem ter ignorado alguma decisão ou precedente relevante do passado.

É mais provável que a McLaren considere suas chances de vitória como pequenas, mas queira exercer cada gota de pressão sobre a Red Bull, dada a situação do campeonato. As duas equipes já tiveram uma disputa sobre as regras técnicas — a asa traseira do MCL38, o dispositivo de frontal para levantar ou abaixar o assoalho do RB20 — agora a McLaren quer colocar os holofotes na defesa de Verstappen.

Hamilton está entre aqueles que acreditam que passou da hora de proibir tais movimentos defensivos. “É interessante que as pessoas estejam falando sobre isso agora porque é a mesma coisa que aconteceu comigo em 2021 se você levar o Brasil em consideração, por exemplo”, disse ele à Sky.

“Na frenagem, você está na frente, mas então o piloto simplesmente solta os freios e não faz a curva e você tem que abrir para não bater. Então eles dizem “vocês dois foram para fora”, mas você não teve escolha porque teve que evitar a colisão. Definitivamente, algo precisa ser feito sobre isso porque está acontecendo muito agora. Você não deveria ser capaz de sair dos freios, chegar mais rápido no apex, sair da pista e ainda manter sua posição.”

Além de Lewis Hamilton, vários pilotos já expressaram a opinião de que esse tipo de defesa de Verstappen não poderia ser permitido.

Como Norris observou na quinta-feira, seu défice de pontos para Verstappen significa que o líder do campeonato pode se dar ao luxo de correr riscos muito maiores quando eles lutam na pista, sabendo que uma colisão que os faz abandonar a corrida prejudica mais o caçador do que o caçado. Então, se a McLaren perder seu caso sobre Austin, mas aplicar pressão suficiente para vencer o argumento mais amplo para proibir o movimento de marca registrada de Verstappen, eles certamente ainda ficarão satisfeitos.