F1 – Um recorde que não combina com o piloto
segunda-feira, 19 de outubro de 2020 às 12:58
Rubens Barrichello
Por: Bruno Aleixo
Ao alinhar seu Alfa Romeo para o GP de Eifel, disputado em Nurburgring, há duas semanas, Kimi Raikkonen tornou-se o piloto com mais largadas na história da Fórmula 1, acumulando 323 corridas no currículo. O recordista anterior era o brasileiro Rubens Barrichello, que competiu 322 vezes entre os anos de 1993 e 2011. Raikkonen ainda ficou duas temporadas fora, deixando a categoria no final de 2009 e voltando em 2012, então pela Lotus.
O que vou falar não faz absolutamente nenhum sentido, mas se tinha um recorde que casava perfeitamente com um piloto, este era o de número de GP’s disputados com Rubens Barrichello. Desconheço alguém que goste tanto de automobilismo e corridas quanto o popular e simpático “Rubinho” que, hoje, aos 48 anos, continua competindo em alto nível em qualquer coisa. Basta seguir o cara no Instagram para conferir: Barrichello é um tarado por corridas e só vai parar quando o corpo dizer chega. Por enquanto, isso parece longe de acontecer.
Mas não controlamos a natureza das coisas e o recorde de participações na F1, que durante muitos anos pertenceu a Riccardo Patrese, hoje está nas mãos de Kimi Raikkonen. Por quanto tempo? Impossível saber…
Minha opinião sobre Raikkonen é uma verdadeira montanha russa. Não caio muito nessa história de que ele é desmotivado e desinteressado, porque acho muito improvável que alguém desmotivado e desinteressado acumule 323 corridas no currículo. Tecnicamente não sei o que pensar do longevo finlandês.
Kimi estreou na F1 em 2001, pela Sauber, após ter disputado pouquíssimas corridas de monoposto. Era um fenômeno. E foi bem em seu primeiro ano, terminando a temporada em 10º lugar, apenas dois pontos atrás do companheiro de equipe, o também talentoso Nick Heidfeld. Foi o bastante para que Ron Dennis o contratasse para substituir Mika Hakkinen, que se aposentaria ao final de 2001. A partir da temporada seguinte, Raikkonen amassou o experiente companheiro David Coulthard o que, convenhamos, não chega a ser grande coisa. Em 2003 veio a primeira vitória e uma boa temporada, na qual Raikkonen foi protagonista na disputa pelo título mundial, junto com Juan Pablo Montoya e Michael Schumacher. Nada mal.
Na temporada seguinte, a McLaren atrasou o desenvolvimento do carro e Raikkonen só foi conseguir bons resultados na segunda metade do ano, com uma vitória em Spa-Francorchamps. Veio então 2005, uma temporada que, pelo menos para mim, foi a melhor dele na F1. Disputou o campeonato em pé de igualdade com Fernando Alonso e só não levou o título porque o carro quebrava demais. Ainda assim, Raikkonen fechou o ano com uma atuação de gala em Suzuka, vencendo depois de largar no fundo do grid e ultrapassar Giancarlo Fisichella na última volta, de forma espetacular.
Com a primeira aposentadoria de Schumacher, ao final de 2006, Raikkonen ganhou a chance na Ferrari. Foi campeão em 2007, maravilha. Mas a impressão fortíssima foi de que o título só veio por causa da briga de foice entre Alonso e Lewis Hamilton na McLaren, que resultou em um ano cheio de mutretas, denúncias de espionagem e uma decisão para lá de esquisita em Interlagos.
Apagado em 2008 e 2009, Raikkonen se mandou para o Rali e por lá ficou até o fim de 2011, quando a Lotus o levou de volta para a F1. Na equipe preta e dourada, o finlandês parecia ter recuperado a velha forma, fazendo boas corridas e conseguindo duas vitórias nos dois anos que por lá ficou. A Ferrari considerou o suficiente para buscá-lo de volta, para o lugar de Felipe Massa. Os resultados foram modestos, com derrotas sucessivas para Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Somente em 2018, quando o alemão já se encontrava em claro declínio técnico, é que Raikkonen conseguiu superá-lo, por pouco. Chegou a vencer o GP dos Estados Unidos daquele ano.
Na Alfa Romeo desde 2019, o finlandês, hoje com 41 anos, segue o mesmo de sempre: o talento parece estar ali, mas não aflora. E, com a idade, o vigor físico parece cobrar o seu preço e vemos Raikkonen cometendo erros de principiante, como o que tirou George Russel do GP de Eifel, justamente o que marcou seu recorde de participações.
Eu não sei quanto tempo essa marca pertencerá à Kimi Raikkonen, mas cabe a pergunta: ela está bem guardada? Eu acho que não, embora não duvide do talento do finlandês. A questão é que esse talento, embora estivesse ali todo o tempo, jamais apareceu como deveria.
Bruno Aleixo
São Paulo – SP
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