F1 – O que a Ferrari precisa?
segunda-feira, 23 de julho de 2018 às 20:38
Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen
Por: Adauto Silva
Vou direto ao ponto. Pra você que se informa sobre automobilismo aqui no Autoracing, não é necessário ficar contando estorinhas.
Então vamos lá.
Na volta 44 do GP da Alemanha começou a cair uma chuvinha aqui, outra acolá. Nada demais, nada de chuva torrencial que precisasse fazer alguma coisa extraordinária. Inclusive quem fez – trocar para pneus intermediários ou de chuva -, se deu muito mal e teve que trocar de novo logo em seguida.
Nessa volta 44 Hamilton estava a 24 segundos de Vettel, ambos com pneus slick. Mas as condições da pista mudaram, o tempo de volta subiu e os pilotos tiveram que começar a encontrar onde tinha aderência na pista. O motor, a aero, a suspensão e todo o resto tornaram-se menos importante que a tocada do piloto, sua sensibilidade no volante, freio e acelerador.
Lembra o que o Senna fazia nessas horas com o resto em qualquer um dos carros que ele pilotou? Pois é…
Passaram-se 8 voltas e na 52 – quando Vettel bateu – a diferença de Hamilton para Vettel havia caído para 11 segundos, ou seja o inglês tirou 13 segundos de Vettel em 8 voltas. Isso dá uma média de 1.625 segundos por volta.
É muito. Um piloto de ponta guiando um carro de ponta – atualmente o melhor carro do grid em tudo – simplesmente não pode tomar 1.625 segundos por volta de outro, que ainda por cima nem guia o mesmo carro, mas sim um carro que hoje é reconhecido por todos no paddock como um pouco inferior.
Pior que isso. Quando Vettel bateu, a corrida ainda tinha mais 15 voltas. Se Hamilton continuasse a tirar 1,625s por volta, ele precisaria de menos de 6 voltas para alcançar Vettel. E teria 9 voltas ainda para ultrapassar o alemão.
Portanto, a batida de Vettel na volta 52 pode ter livrado o piloto da Ferrari de um vexame histórico.
Vettel é fraco? Lógico que não, ele é ótimo!
Mas imagine um armário no seu quarto ou na sua sala que vá do piso ao teto. Nesse armário só tem prateleiras. A primeira encostada no chão e a última no teto. Tá fácil, certo?
Nessa primeira prateleira aqui embaixo, onde a maioria as pessoas guarda sapatos e chinelos, estão os pilotos de fim de semana, alguns eventuais kartistas, gentleman drivers e etc. Gente como eu e talvez você.
Aí você vai subindo seus olhos pela prateleira e quando chega na quarta prateleira de cima para baixo, começam a aparecer os pilotos de F1. Lá naquela prateleira de cima, a última, hoje só temos dois pilotos na F1: Hamilton e Alonso. Max também estará nela, mas só daqui a algum tempo quando ele adquirir mais maturidade. Por enquanto só temos o inglês e o espanhol lá.
Infelizmente – para os torcedores do Vettel – ele não está lá. E mais infelizmente ainda – para os mesmos torcedores do Vettel – nós temos um outro piloto naquela prateleira que guia um carro realmente competitivo e por isso tirou um título quase certo da Ferrari no ano passado e pode tirar esse ano novamente, o que seria um assombro, pois este ano a Ferrari está ainda mais rápida que a Mercedes do que estava no ano passado.
Isso sem contar o erro em Baku, quando também perdeu uma vitória certa…
O problema não foi “só” o erro que resultou na batida. Assista o vídeo abaixo e veja a quantidade de erros que Vettel cometeu na mesma volta antes de bater.
Assistiu? Então, isso é incompatível com ter o melhor carro do grid, o que nos leva a várias perguntas:
Como é que a Ferrari tem o melhor carro do grid desde 2017 e está se arriscando a perder ambos os campeonatos de novo?
Como a Ferrari olha para o lado e vê Fernando Alonso desesperado por um carro competitivo e não o contrata?
Como a Ferrari mantém um piloto-aposentado-em-atividade no segundo carro que, há quatro anos atrás – portanto bem mais novo – tomava em média meio segundo por volta de Alonso?
Por que a Ferrari ainda não contratou Daniel Ricciardo, que está dando sopa no mercado?
Nenhuma dessas perguntas têm respostas racionais, só especulações do tipo fulano é isso, ciclano é aquilo, beltrano é muito caro, etc., etc., etc…
O que a Ferrari precisa é de piloto, não tenho dúvida alguma.
Sua dupla para 2019 pode ser Fernando Alonso e Daniel Ricciardo. E mais, gastando a mesma grana que gasta hoje com Vettel e Raikkonen.
Por que não fazem?
É outro daqueles mistérios da humanidade…
Em tempo: A vitória de Hamilton largando de P14 foi espetacular, uma das melhores de sua carreira. O inglês renovou o contrato por 40 milhões de libras / ano e imediatamente mostrou ao presidente da Daimler porque ele vale isso.
Será que o Sr Dieter Zetsche gostou? Veja:
Adauto Silva
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