F1 – Não se iluda com 2022
quinta-feira, 29 de outubro de 2020 às 20:20
Hamilton – Bottas – Wolff
Por: Adauto Silva
Vejo muita gente dizendo – inclusive jornalistas especializados – que este regulamento favorece a Mercedes e que a total mudança da F1 em 2022 com carros completamente diferentes dos atuais vai acabar com o domínio dos Prateados e equilibrar o grid.
Isto simplesmente não faz qualquer sentido.
Primeiro que quanto mais tempo o mesmo regulamento durar, mais tempo todas as equipes têm para extrair tudo dele. Isso é absolutamente óbvio e não só na F1, mas em qualquer categoria do automobilismo e em muitas outras atividades também.
Numa mudança de regulamento, o mais competente se estabelece primeiro. Depois vem o segundo, o terceiro e depois vem o resto. Isso é o normal.
A Formula 1 está basicamente com o mesmo regulamento desde 2014, portanto todas as equipes tiveram mais do que tempo suficiente – 7 temporadas – para evoluir seus carros dentro deste regulamento e tirar tudo dele. Motor, chassi, suspensão, aero e eletrônica, porque são esses os itens que somados diferenciam um carro do outro.
Obviamente precisa ter no mínimo um piloto – o ideal são dois – que consiga tirar tudo do carro sempre, para que ele tenha condições de dar um feedback correto para a equipe, senão o carro não evolui ou evolui de forma errática, randômica.
Também é óbvio que a equipe precisa ter pessoal técnico altamente capacitado e motivado, estrutura, organização e dinheiro para evoluir o carro adequadamente. Sem isso, nem o melhor piloto do mundo consegue ajudar nessa evolução, assim como uma equipe que tenha tudo isso, mas não tenha pelo menos um piloto altamente capaz de tocadas rápidas e distintas, que seja inteligente, focado e experiente, vai ter grande dificuldade de evoluir o carro. A coisa fica randômica, ou seja, numa temporada o carro vai bem, na outra piora com o mesmo regulamento.
Isso te lembra de alguma equipe? Algum piloto?
Que tal Mercedes com Rosberg e Hamilton ou Bottas e Hamilton?
Que tal um departamento de aerodinâmica – o fator mais importante num carro de F1 – com Mike Elliott, chefe de aerodinâmica, Jarrod Murphy, chefe de dinâmica de veículos e Loic Serra e John Owen como desenhistas-chefes, todos trabalhando basicamente na mesma sala?
Que tal se essa turma for capitaneada por James Allison? Que tal um chefe de motores como Andy Cowell e por último, que tal se o chefe deles todos for um tal de Toto Wolff?
Achou pouco? E se essa turma toda tiver por trás deles uma gigante da excelência e engenharia automotiva chamada Daimler totalmente comprometida com o sucesso da empreitada apoiando, motivando e pagando todas as contas necessárias?
Você acha realmente que um regulamento novo vai parar esses caras, esse grupo de pessoas, essa organização comprometida e baseada na excelência absoluta? Talvez os detenha em 2 a cada 10 anos, mas enquanto essa estrutura, esta organização, esse grupo estiver trabalhando junto e motivado, só há uma coisa que pode desafiá-lo ou detê-lo em bases constantes:
Um grupo melhor.
É por isso que amo esse esporte!
Adauto Silva
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