Campeões da Indy na F1: Michael Andretti (vídeo)
segunda-feira, 27 de abril de 2020 às 14:11
Michael Andretti em Road America
Por: Bruno Aleixo
Não é fácil encontrar criatividade para escrever a coluna toda semana, mas a gente tenta. Por isso, num esquema absolutamente chupinhado da Netflix, vamos estabelecer temporadas para os temas. Com isso, depois de três episódios, a temporada de “Ídolos do Colunista” chegou ao fim, prometendo voltar em um futuro próximo. Sim, as colunas anteriores ficarão disponíveis para consulta (em uma página que o graaaaaaaaande Adauto Silva está providenciando rsrs) e agora, vamos começar uma nova série, esta com apenas uma temporada de 6 episódios. Trata-se da espetacular “Campeões da Indy na F1”.
A ideia é trazer a trajetória de pilotos que se consagraram na Fórmula Indy e tiveram chance na F1. É um movimento não muito comum e por isso, chama a atenção. Lembrando que, por este critério, caras como Emerson Fittipaldi, Mario Andretti e Nigel Mansell não entram, porque foram campeões na F1 e depois foram para os EUA.
Bom, nos dias de hoje, parece inimaginável que alguém que não seja jovem e que não esteja em um programa de desenvolvimento de pilotos qualificado, possa ter chance de competir na F1. Mas nem sempre foi assim. A categoria já foi mais democrática, em um passado até recente, dando chance a gente talentosa que já tinha carreira consagrada em outras grandes categorias.
E foi no início da década de 90 que Bernie Ecclestone deu o pontapé inicial na saga dos campeões da Fórmula Indy competindo na F1. Mais especificamente, no final do ano de 1992, quando Nigel Mansell anunciou que estava de mudança para a Newman Haas, na Indy, após ser campeão da F1 pela Williams. O velho Bernie entrou em ação e intermediou a negociação entre Michael Andretti e a McLaren, para a temporada de 1993.
Piloto extremamente veloz e muito combativo, Michael era um personagem interessante para dar uma movimentada na categoria, que vivia o auge da eletrônica com um domínio entediante da equipe Williams, com seus carros avançadíssimos para a época.
O problema é que pouca coisa deu certo nesse casamento. A McLaren, que havia perdido os motores Honda (a montadora japonesa estava de mudança justamente para a Indy), receberia propulsores Ford para a temporada. A definição do fornecedor de motores atrasou o desenvolvimento do MP4/8 e, com isso, Michael quase não andou na pré-temporada. Já naquela época, o abismo tecnológico entre as duas categorias era enorme e o norte-americano teve pouco tempo para se familiarizar com o carro. Sem conseguir se acostumar com todos os componentes e traquitanas eletrônicas presentes no modelo, Andretti foi para a pista na África do Sul, para a abertura da temporada.
As três primeiras corridas foram um fiasco total. Michael simplesmente não conseguiu completar sequer três curvas em nenhuma das provas, envolvendo-se em acidentes. Um deles, com Gerhard Berger, em Interlagos, bastante grave, mas sem consequências para os pilotos. Em Ímola, o norte americano até andou bem, fazia uma corrida combativa, mas cometeu um erro quando brigava com Karl Wendlinger, acabou rodando e foi para fora da pista, abandonando a corrida. Os primeiros pontos vieram na Espanha, com um quinto lugar. Mas os fiascos seguiram, no Canadá e em Mônaco.
A essa altura, Andretti já enfrentava dois problemas que acabaram sendo fatais: o primeiro deles, o próprio ambiente da F1, muito mais sério e profissional do que o da festiva Fórmula Indy. O segundo, a concorrência: Ayrton Senna, seu companheiro de equipe, estava no auge da forma, pilotando como nunca e, depois de Mônaco, o brasileiro liderava o campeonato a frente das Williams de Prost e Hill, enquanto Andretti anotava apenas 2 pontos na tabela.
A partir do GP da França, a coisa desandou depois que Ron Dennis deu uma entrevista bastante sincera, criticando a falta de velocidade do norte americano. Para piorar, a McLaren recebeu o novo motor Ford com a mesma especificação daquela utilizada pela Benetton, com cerca de 60 cavalos a mais. O que parecia ser uma boa notícia, tornou-se um pesadelo, já que Michael e Ayrton passaram a sofrer com a confiabilidade do MP4/8, que sofreu várias quebras ao longo do ano.
E havia ainda a questão do próprio entendimento do piloto. Em um episódio da excelente série “A season with Mclaren”, é mostrada a dificuldade de Michael Andretti, durante os treinos do GP do Canadá, de entender porque perdia estabilidade na freada para o cotovelo final do circuito Gilles Villeneuve. O piloto simplesmente não conseguia fazer a curva e não havia nenhum indício do porque disso acontecer (lembrem-se: a telemetria engatinhava nessa época). Coube a um mecânico perceber que o balanceamento dos freios estava incorreto e a roda traseira esquerda travava na freada. Uma constatação simples que enfureceu Ron Dennis, pelo fato de a mesma não ter vindo do piloto.
Sem ambiente na equipe, na F1, criticado pela imprensa e levando uma surra do companheiro de equipe, Michael acabou dispensado antes do fim da temporada. E, ironicamente, foi na sua última prova, o GP da Itália, que Andretti fez sua melhor corrida, pilotando como nos tempos de Indy, para conseguir um brilhante terceiro lugar. Foi também a última vez que um piloto norte americano foi ao pódio.
Andretti fechou contrato com a Chip Ganassi para a temporada de 94 da Indy. No seu lugar, a McLaren colocou Mika Hakkinen, então piloto de testes do time. Logo de cara, em Portugal, Mika classificou-se à frente de Ayrton Senna no grid, um resultado que jogou a última pá de cal na carreira de Michael Andretti na F1. O americano seguiu como protagonista na Indy mas, hoje em dia, sua participação na principal categoria do automobilismo é vista como um dos maiores fiascos da história. E foi mesmo.
Mas a F1 ainda procuraria mais campeões da Indy, com resultados bem melhores, como veremos nas próximas colunas.
As 42 vitórias de Michael Andretti na Indy
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Bruno Aleixo
São Paulo – SP
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