Até a próxima reclamação
segunda-feira, 10 de agosto de 2020 às 13:26
Pneu detonado em Silverstone
Por: Bruno Aleixo
Fãs de automobilismo costumam ser bastante exigentes. Ok, isso é um eufemismo pra dizer que, na verdade, a gente é chato pra cacete. Reclamamos de tudo e, para comprovar isso, basta ver a infinidade de regulamentos diferentes que a F1 apresentou ao longo dos anos.
Reclamamos do reabastecimento e acabaram com ele. E hoje tem gente que pede a sua volta. Carros com pouca pressão aerodinâmica? Reclamamos sim, mas também reclamamos quando eles ganharam mais pressão, a partir de 2017. E o que dizer dos pneus? Implementaram os pneus raiados e a lua de mel inicial durou pouco. Logo já achávamos que as poucas ultrapassagens eram por causa dele.
Voltaram os slicks e pouca coisa mudou. Então, passamos a reclamar da durabilidade da borracha, porque os pneus Bridgestone pediam apenas um pit-stop. E, mesmo assim, forçado: Sebastian Vettel fez uma parada na última volta do GP da Itália de 2010 para calçar os mais macios apenas por que estava no regulamento.
Veio então a Pirelli e seus pneus que se desintegravam em poucas voltas. E nós? Tome reclamação. Ao longo dos anos, eles foram aprimorados e hoje, é muito possível que a fabricante italiana forneça borracha suficiente para que os carros completem 100% da prova sem trocar pneus. Aí vem um GP como o desse final de semana, no qual os pilotos tiveram que se esmerar na administração dos pneus, para que voltemos a pedir pneus que se desgastem mais.
Bom, depois do sucesso da prova de 70 anos da F1, disputada em Silverstone, e brilhantemente vencida por Max Verstappen, não duvido que o setor técnico da categoria mantenha a filosofia de fornecer pneus que obriguem a mais pit-stops. E não dou três corridas para que enjoemos da situação e passemos a pedir pneus mais duráveis.
Pessoalmente, acho que a Fórmula 1 encontrou uma receita tão ideal nessa corrida, que temo que será difícil que ela seja repetida. A combinação do asfalto abrasivo de Silverstone, com os compostos escolhidos e o calor do verão inglês produziram uma corrida tática, tensa e indefinida até o último minuto, como há muito não se via. Foi melhor corrida dessa temporada triste e esquisita até aqui.
E revelou, de quebra, aquilo que pode ser o ponto fraco da, até então, imbatível Mercedes: o desgaste dos pneus. Em velocidade, esqueçam: as flechas negras são pelo menos um segundo mais rápido do que as adversárias mais próximas e não há muito o que fazer. Mas, em corrida, em condições de temperatura e pressão semelhantes às que vimos no último domingo, somadas ao talento de Max Verstappen e à competência incontestável da Red Bull, podemos ver surpresas até o final do ano.
Será suficiente para impedir o hepta de Lewis Hamilton? Acho que não porque, como foi exposto, depende de muitas variáveis. Mas que poderemos ter corridas interessantes até o fim do ano, poderemos. Isso se a Pirelli seguir a tendência de Silverstone, o que pode durar até que comecemos a reclamar novamente. O que é inevitável.
Bruno Aleixo
São Paulo – SP
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